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Desempenho empresarial continua estagnado

EmpresasCTA11ª edição do Economic Briefing

A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) realizou a 21 de Março, no auditório do BCI em Maputo, a 11ª edição do Economic Briefing que esteve focada no desempenho empresarial ao longo do quarto trimestre de 2022 bem como no ambiente de negócios.

O desempenho das empresas nacionais registou estagnação no IV Trimestre de 2022, tendo o Índice de Robustez Empresarial (IRE) se fixado em 29%, o mesmo observado no III Trimestre, segundo indica o Relatório do IRE da CTA, apresentado na XI edição do Economic Briefing.

De acordo com a X edição do Relatório do Índice de Robustez Empresarial (IRE), houve vários factores que contribuíram para esta estagnação, sendo de destacar o impacto da deterioração em 3 pontos percentuais do Índice do Ambiente Macroeconómico, de 50% para 47%, entre o III e o IV Trimestres, o que se reflectiu no aumento de custos de produção e nos encargos com a banca, na sequência da decisão do Banco Central de aumentar os coeficientes de reserva obrigatória, tanto para passivos em moeda estrangeira como nacional.

No que diz respeito ao Índice de Emprego, no IV Trimestre de 2022 continuou a denotar-se as fragilidades do mercado de trabalho, situando-se em 108,55%, com maior preferência para empregos temporários e em tempo parcial. Esta situação foi reconhecida no recente relatório do Banco Mundial, que mostra que, enquanto o país regista cerca de meio milhão de pessoas a entrar na força do trabalho, do lado da oferta, há apenas 25 mil vagas.

Face às características do que foi o último quarto de 2022, prevê-se boas perspectivas para este I Trimestre de 2023, baseado em previsões de uma melhoria do ambiente macroeconómico, induzida pela aceleração da actividade empresarial, principalmente no sector de hotelaria e restauração, indústria cultural e recreativa, e o prosseguimento da estabilidade cambial, facto que poderia amortecer a subida dos preços das importações.

Entretanto, as calamidades naturais, na sequência das fortes chuvas, provocadas em parte pelo ciclone Freddy, estão a afectar a oferta de produtos alimentares, levando a pressões inflacionárias, que em Fevereiro ficou a dois dígitos.

Ano repleto de riscos e desafios
A destruição de infraestruturas rodoviárias, sociais e económicas — que tem vindo a ser reportada — tem afectado os níveis de produção, com a paralisação de algumas unidades económicas, o que incidirá negativamente na tesouraria das empresas, afectando a sua capacidade de cumprir com as suas responsabilidades fiscais e com a massa laboral.

Sobre este aspecto, a CTA espera que as medidas anunciadas pelo Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, na sua última Comunicação à Nação, com destaque para a extensão do Gabinete de Reconstrução Pós-ciclones, para a província da Zambézia, venham a trazer resultados positivos no apoio ao sector empresarial afectado.
Igualmente, encoraja o anúncio de que já há financiamento garantido para as obras de reabilitação da EN1, o que vai permitir ganhos consideráveis na rede da logística de transporte rodoviário, e não só.

“Estes são os sinais a que a conjuntura interna e internacional nos remetem. O ano está cheio de desafios, riscos, mas também de oportunidades por explorar, pelo que convido a todos, para em conjunto aprofundarmos a discussão em torno destes e outros desafios, como é o caso das reformas necessárias para a retirada de Moçambique da Lista Cinzenta, consolidando os ganhos que estamos a registar que ao nível de metas estão agora a cima de 50%”, frisou o presidente da CTA, Agostinho Vuma, na abertura da XI edição do Economic Briefing.

Refira-se que, entre outras matérias, a presente edição do Economic Briefing tinha em vista a apresentação das dinâmicas do desempenho empresarial através do relatório do índice de robustez empresarial; a apresentação das dinâmicas do mercado bolsista do 4º trimestre de 2022, e uma reflexão em torno das apresentações feitas.

 

NOTAS DE RODAPÉ

  • 2022 foi um ano marcado por choques externos (consequências económicas da pandemia da COVID-19, conflito no Leste Europeu, eventos climáticos extremos)
  • Consequências: subida dos preços da energia e combustível, dos transportes e dos bens alimentares, aumento da taxa de inflação (no final de 2022 foi de 10,91% quando a previsão era de 5,3%)
  • Sinais de recuperação económica: maior procura das “commodities” energéticas, retoma da confiança dos parceiros de cooperação, primeira exportação de GNL da Bacia do Rovuma para o exterior
  • Crescimento do PIB nacional: 2,9% (previsão), 4,1% em 2022 (previsão de 5% para 2023 no PES), Banco Mundial prevê crescimento médio de 5,7% para 2022/2024, e Fitch Solutions estima um crescimento do PIB de 6,5%
  • A economia, apesar da aceleração do seu crescimento em 2022, continua a crescer abaixo do seu potencial

 

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