OIT realça diferenças de género no mercado de trabalho da África Subsariana
Os desequilíbrios de género no acesso ao emprego e nas condições de trabalho são maiores do que se pensava, em particular no mundo em desenvolvimento, segundo indica um relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) 2023. CELITA MATSENA (TEXTO) O documento, revela que, globalmente, a disparidade de género na lacuna de empregos permaneceu praticamente inalterada nas últimas duas décadas, entretanto, “as variações cíclicas causadas pela crise financeira global em 2007, 2019 e 2021 com a pandemia da COVID-19 são claros impulsionadores das medidas de subutilização do trabalho para mulheres e homens”. Fig 1: Taxa de desemprego e taxa de disparidade no emprego por género, 2005-2022 O relatório afirma que a participação global das mulheres no mercado de trabalho permanece muito inferior à dos homens. Entre as pessoas de 25 a 54 anos, a diferença de género na participação na força de trabalho ficou em 29,2 pontos percentuais em 2022, com a participação feminina em 61,4% e a participação masculina em 90,6%”. Ainda segundo o mesmo documento, essa grande diferença não pode ser explicada apenas pela maior dificuldade das mulheres em encontrar trabalho. Pois, dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), recentemente atualizados, sugerem que um dos principais factores que reduzem a participação das mulheres na força de trabalho no mundo, e em particular na Africa Subsaariana, é a criação dos filhos. Em relação à diferença de género nos rendimentos, o documento revela que em 2019, para cada dólar que os homens ganhavam em renda do trabalho, as mulheres ganhavam apenas 51 centavos. Em países de renda baixa e média baixa, a disparidade de género na renda do trabalho é consideravelmente pior, com as mulheres a ganhar 33 centavos e 29 centavos de dólar, respectivamente. Em países de renda alta e média-alta, a renda relativa do trabalho das mulheres chega a 58 e 56 centavos, respectivamente, por dólar ganho pelos homens. Fig. 2: Rendimento relativo do trabalho das mulheres em comparação com os homens por grupo de renda do país, 2019 (100 = nível masculino) Deste modo, o relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) de 2023, conclui que o mundo continua longe de alcançar o objectivo de trabalho decente e de justiça social para todos.